Minha dogão Dorothy! Te amarei para sempre!

Ainda está doendo muito e estou meio zonza. Mas meu coração precisa expressar ou pelo menos tentar colocar para fora o que tem aqui dentro. Chegou o dia da minha babe voltar para casa. A gente sabe que esses dias chegam, mas nunca estamos preparados.  Faz quase um ano que estou morando longe de casa, e de toda a saudade, a maior foi sempre dela. Porque minha família compreende, mas sempre pensei, será que ela entende que não a abandonei? Que sinto tanta falta dela, mas me tranquilizo em saber que ela está com as melhores pessoas do mundo?
Adotei minha babe em junho de 2013 de uma maneira inusitada, recebi uma foto dela no whats app, e na hora, sem pensar qualquer coisa eu senti que precisaria dela, que ela era para mim, que ela precisava ficar comigo. Fazia anos que não tínhamos animais em casa, mas imediatamente liguei para vó: “Por favor, deixa um bebê vir morar com a gente?”. A vó deixou, e penso que mesmo que ela não deixasse eu daria um jeito de ficar com ela. Por razão alguma, pelo simples fato do meu coração ter ficado ansioso em recebê-la. Nunca vou me esquecer do dia que ela chegou ao portão, toda charmosa, entrou na minha casa correndo, ansiosa e cheirou tudo. Daquele dia em diante eu viveria meus dias com uma princesa ao me lado. A antiga dona, Helídia, fez a maior benção da vida em ter nos dado ela.  Contou-nos tudo que havia passado junto com a Dó. Não foi nada fácil, as duas juntas passaram por maus bocados devido à cirurgia de castração ter tido um erro humano gravíssimo, e a Dó adquiriu uma queimadura enorme em todo seu corpo. Mas isso nunca foi problema para nós. Entendemos que ela não poderia ficar sem a roupinha se não criaria feridas na cicatriz, e pronto.
A Dorothy conquistou um por um dentro de casa, ela tinha um jeito charmoso, educado e imponente de dizer que estava ali. Eu sempre brinquei com todos que ela tinha o mesmo jeito que o meu. Brincalhona, carinhosa demais, mas na hora de mostrar quem é a dona do pedaço, ela estava ligada (Risos). Ela não podia ver ninguém triste, chorando então não se fala, vinha correndo lamber e através de gestos, dizer que estava ali e que precisaríamos se acalmar. O cuidado dela com quem era da casa era inexplicável, o ciúme então, fortíssimo. Não gostava de gente estranha querendo se impor no território dela. Com latidos graves parecia um chefe de guarda, e se bobeasse ela mordia mesmo. Mas com a gente; “Ahhhh....”, sempre tão meiga, comilona, e amava ficar enfiada em qualquer canto que nós estivéssemos. Ela tinha medo da piscina e ficava maluca quando entravamos na água, era um desrespeito aos cuidados que ela tinha com a gente: “Saiam daí agora, eu estou mandando, AGORAAAAAA”. Quando ela fazia algo errado (que era quase nada), nós chamávamos atenção dela e ela fingia que não era com ela. Na hora de limpar a casa: “Dorothy com licença?” ela saía porque queria, não porque estávamos mandando. Ela era dona de si, tudo do jeito dela, não nasceu para receber ordens, parecida comigo, é claro. Ela sempre soube de tudo, sabia quando íamos viajar, sentia quando estávamos voltando, e aquele rabo de espanador estava sempre abanando por qualquer dengo. Ela não gostava de ficar sozinha, e era maluca por rosca de polvilho. Meu quintal deve estar lotado de roscas enterradas, sem falar na bagunça que ela fazia com a terra para enterrar. Ela fazia bagunça sempre que podia, parecia um filhote. Corria feito uma maluca pelo quintal, várias vezes, até cansar. E claro, era uma encrenqueira. Coitado dos carteiros e dos cães que passavam na frente de casa.  Ontem ouvi assim: “Mas era só um cachorro”. Não a Dó era uma pessoa disfarçada de cachorro, só pode, gente! Com uma personalidade particular. Sensível ao extremo, novamente parecida com a mamãe aqui.
 Eu sei que tudo que acontece nessa vida tem uma razão e um por que. A Dorothy foi vários porquês respondidos com amor e alegria. Obrigada por tudo que sempre foste para mim, para minha família, para a Helídia e para todos que te conhecerem Dó. Só quem viveu com você é que vai entender esse amor.
Obrigada por tanto amor e por tantos momentos juntos que você encheu meu rosto de sorrisos e meu coração de alegria. Você vai fazer muita falta aqui do meu lado, como já faz desde que a mamãe veio para São Paulo.  Mas sei que estás acompanhada de anjos lindos, iluminados e charmosos, assim como você sempre foi.  Deus te guie e te ilumine aí em cima bebê.  Corre nesse campo gigante e verde que é o teu lugar e eu sei que estarás feliz.  

[Hoje eu queria estar nas mesmas nuvens que ela tá... ]



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